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08/03/2015

Segura a onda Dorian Gray...

Vejo no retrato aquele que fui. Retrato calado, imóvel e que tanto me diz sobre a vida. Envelheço todos os dias, e todos os dias todos envelhecem comigo. As pessoas mudam, os lugares mudam, dando a impressão de que nada muda.

Mas quando olho para meu retrato antigo e já não me reconheço nele, percebo que o tempo passou. Vejo em mim as marcas que o tempo me trouxe, o olhar já um pouco cansado por ter visto muito mais coisas ruins do que gostaria de ver. Vejo o corpo em mudança, e sua perecidade me salta aos olhos.

Sou aquele do dia 13 de maio do ano que nasci. Meu nascimento ficou para trás, minha infância ficou para trás. A juventude já vem passando me lembrando que eu também irei passar.

Os dias não são os mesmos dias. A cada manhã estou mais distante do meu eu daquele retrato. Daquele eu que me olha como se já soubesse o que serei. Meu velho retrato é só uma lembrança. E é só isso o que um dia serei.

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