Minhas saudades não são nostálgicas ou deprimentes. Felizmente nunca encontrei culpa nelas nem sinais de arrependimento aterrador. Se tenho saudades de algum ponto da vida é pela expectativa do que vivi depois daquilo. Tenho saudades de todos os momentos e de tudo o que me trouxe até aqui. Saudades das possibilidades que tive e de certa aproveitei.
Sinto saudades também do que vivo. Sempre tive uma comoção exagerada para me despedir dos meus dias e das situações. Do quarto de hotel onde não passei mais de três noites, de alguma estação de metrô onde fiz conexão, da rápida conversa que tive com algum transeunte para pedir informação. Sempre saio olhando para trás para gravar a última imagem daquilo ou daqueles que sei que nunca mais verei.
A saudade me acompanha e me avisa do finito. Dói-me a despedida da vida, a contar dos dias a menos que me aproximam do fim. Só resta a mim seguir adiante com a alegria que me fornece o saber viver. Para que eu siga sentindo saudade. Para que um dia eu tenha saudade do hoje por também saber o que eu ainda vou viver.
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