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22/09/2021

Quando vier a Primavera

 


Quando vier a Primavera,

Se eu já estiver morto,

As flores florirão da mesma maneira

E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.

Se soubesse que amanhã morria

E a Primavera era depois de amanhã,

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.

Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.

Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

O que for, quando for, é que será o que é.


(Alberto Caeiro)

13/05/2019

Meus 31 anos

Sou a soma de todos os dias desses 31 anos que completo hoje. Nesse tempo me alegrei com quem nasceu, chorei a morte dos que se foram, andei por lugares que sonhava ou por outros tantos que jamais imaginaria. 
Conheci pessoas de todos os tipos, de muitas origens e opiniões. Algumas reconheci na primeira vista, e sabia que comigo ficariam. Outras duraram o que duraram, algumas o tempo de uma única conversa, ao ponto de lembrar sequer o nome: todas carrego comigo.
Provei infinitos sabores, texturas, climas. Experimentei a distância, a saudade e a solidão. Dei e tive colo, magoei e fui magoado. Vivi consciente os melhores momentos que poderia ter. Tenho amigos, bons amigos, e uma legiao de pessoas que não convivo, mas que rezo e amo em silêncio. Afastei gente que eu não queria, mas aprendi e fiz o que pude.
Aprender aliás, foi uma constante: busquei saber tudo o que estava ao meu alcance, só para saber, para tentar entender. 
Como ao Nietzsche, a vida não me desapontou. Também gosto cada dia mais dela, ainda que ela me leve a um futuro que temo, e que é inevitável. 
Acerca do medo, tenho muitos. Não me fazem recuar, pois tenho um travesseiro, um colo e uma prece. Aos 31 anos meus medos mais doem do que assustam.
Sinto saudades da minha infância, enquanto me fogem o cheiro e as lembranças dela. Começo  a sentir saudades da juventude. Os novos tempos não são ruins, mas sempre tive dificuldade pras mudanças, e agora parece que as dificuldades aumentaram.
Hoje amo mais do que sempre amei. A miopia aumenta, mas enxergo muito mais.
Algumas coisas não mudaram depois dos trinta:
- a água correndo no vidro do carro quando chove ainda me encanta;
- me sinto feliz quando vejo meus pais;
- me apego às lembranças que os objetos guardam;
- ainda cumprimento mentalmente os estranhos que cruzo, e fico a me perguntar quais histórias incríveis eles teriam para me contar.
Fazer 31 anos é acabar de vez com qualquer prodígio. Quem liga para o que um adulto não brilhante (ou idiota demais) pensa ou faz?
Esse texto não acaba. Não consigo finaliza-lo. Assim como minha vida, que espero que de estenda, de preferência como está, mesmo que seja impossível.

16/04/2019

Já não encontro teu túmulo com facilidade...

Já não encontro teu túmulo com facilidade. A grama renascente funde-se às outras gramas, camuflando os rastros daquele dia no qual estávamos todos ali, ao seu redor, enquanto nos despedíamos pela última vez. 

Dói-me o tempo que me distancia de ti, daqueles dias sofridos em que mais nos doía sua dor do que qualquer fadiga. Sinto ainda o cheiro do corredor do subsolo, as pessoas, os outros doentes, as televisões ligadas nos jogos do mundial. Sinto o clima, a expectativa, o jardim com o terço e minha sempre doce companhia. Sinto as idas, vindas, o caminho no carro em silêncio sepulcral. 

Sinto a doce brisa da manhã no banco em que estava quando recebi a ligação. Revejo a pista, o trânsito, o estacionamento. O guarda a me barrar pela falta de horário e a se compadecer quando soube o motivo. O elevador (tão demorado naquelas circunstâncias), o mesmo corredor, as mesmas pessoas, os mesmos doentes, menos você. O abraço apertado que dei em minha mãe, e a visão da porta entreaberta enquanto manipulavam teu corpo. Sua dor não mais doía, por isso a nossa também não. Foi trocada de súbito pela dor da falta, da saudade. Lágrimas. O lençol branco a te cobrir e meu último beijo. Foi um só, não quatro. Mais dor. Levaram-te. Sobrou o quarto, aquelas coisas e minha mãe. Fui correndo socorrê-la e era ela quem me socorria. Juntamos tudo numa cerimônia dolorosa de encerramento.

Nem faz tanto tempo. Ainda está tudo aqui, ainda há evidência do que aconteceu naquela grama já quase toda verde. A lembrança que dói me é essencial, não quero perdê-la. Por isso repito: dói-me o tempo que me distancia de ti. Dói-me o processo natural da morte das memórias. Dói-me imaginar não sentir, não lembrar, não reviver. Pois enquanto o faço, ainda estás aqui, ainda há tempo.

08/04/2019

O indizível às vezes é simplesmente indizível.

Gostaria muito de poder dizer-te, mas antes deveria saber o que. Não é que eu não faça caso e por isso não saiba nada sobre isso. Pelo contrário, minha mente inquieta se aprofunda e se perde: um mergulho em busca de ar. O indizível às vezes é simplesmente indizível.

A isso deram o nome angústia.

Não poucas vezes a palavra "saudade" foi exaltada, por estrangeiros e lusófonos quanto à sua beleza,  profundidade e significado ímpar. Não sem méritos, de fato, mas deveria haver também poemas para a angústia. Não a literatura do Graciliano, ou o clássico do Camus, mas uma divulgação massiva de seu subjetivo significado,  de modo que seu uso fosse melhor aproveitado no cotidiano de quem fala português.

Tenho angústia.  E é isso. Já está tudo dito.

25/01/2019

Às vezes tenho inveja do Esteves sem metafísica...

Às vezes tenho inveja do Esteves sem metafísica. Talvez eu o seja, e possua em mim não a metafísica, mas a arrogância de acreditar ter. De qualquer modo tenho inveja: de ser ou de reconhecer. Ninguém vive a vida com mais sentido do que aquele não se pergunta sobre.

Ah sim, nada como um pensamento crítico, uma consciência pessoal e social. Nada como uma opinião. Blah... Nada como acordar, trabalhar, cansar, descansar, acordar, trabalhar, cansar e no seio de todas as coisas, como numa metástase, conviver com quem se ama/se odeia/se relaciona. Um ato bovino? Pois é. Bovino? Não sei. Não enxergo olhar mais profundo (e também fundo, do cansaço) que o olhar de um "boi".

Sofrimento: quem não o tem? Que luta vale a pena lutar? De certo elas existem... causas, lutas e conquistas. As que valem a pena existem. Ainda não sei se a encontrei ou se sou "metafísico" demais. Niilista talvez, mas essencialmente feliz, quando bovino e essencialmente... sei lá, quando não sei.

26/04/2018

Uma história...

Mais uma tarde sozinho. O quarto que estou não é mais preenchido que os demais cômodos dessa rua tão habitada outrora. Muitos vagam pelas calçadas ou passam desesperados em seus carros. Estão de passagem, de lá para ali, de ali para não sei onde. Não param, nunca, e nem sequer olham. Passam por um corredor escuro e infinito como se as fachadas das casas não protegessem imóveis, mas fossem meras paredes, mero cenário. Não posso culpá-los, de fato o é.

Nos meados da minha vida adulta, era tão diferente. Lembro-me quando a conheci e quando aqui chegamos com nossas malas e nossos sonhos. Fugidos de uma realidade que não nos cabia, esta casa foi desde o primeiro dia nosso mundo, nossa guarida. Os vizinhos todos novos também. As janelas abertas com varais e roupas. Nossa rua era nosso mundo particular. As pessoas, os vizinhos, o verdureiro, o jornaleiro. Cada personagem compunha um universo à parte neste bairro que já foi distante do centro e hoje, dado o progresso, é perto.

E mais, muito mais do que a rua, essa rua hoje tão cinza e gasta, havia o nosso apartamento. Nosso tão doce espaço, quase um esconderijo, onde éramos só nós.

(Preciso sair. A escrita continuará. A história, não.)

12/03/2018

Nunca senti a necessidade de saberem que sinto

Nunca senti a necessidade de saberem que sinto, todavia o faço com fervor. Desde que a inconstância da minha adolescência passou, já não sinto necessidade de expressar nada nas rodas de conversa, e guardo-me sempre em um diálogo paralelo entre mim e minhas circunstâncias. Sinto, vejo, considero, concluo, reviso, questiono, desisto. Tudo durante o breve olhar silencioso e admirado que lanço sobre as pessoas que estão a falar.

30/01/2018

Sobre a extinta simplicidade...

Se viver é tão simples, por que ao mesmo tempo não é? Estamos nós a complicarmos ou os fatos estão tão bocados decadentes que viver, especialmente agora, é realmente difícil?

Não faz muito tempo, li em algum livro sobre alguma nuvem de angústias e incertezas que viviam o povo do declínio da Idade Média. Tudo se encaixa: quando uma era se declina para o início de outra, há tantas transformações e inseguranças que o pobre coração humano parece não aguentar. Convenci-me por alguns momentos e em seguida voltei a ficar perturbado: não devo estar triste por causa da época ou porque estou fadado a ser.

Pode até ser soberba, essa coisa de querer ter os méritos da própria tristeza. Complicar sim mas por si próprio. De onde vem não deveria fazer diferença, mas faz. Porque o sentir vai além de uma consequência. Sentir, coisas boas ou más, necessita passar pela decisão de o fazer: sinto o que sinto, e sinto o fazer-me sentir.

Pois é, duas teorias e nenhuma explicação. O carma ou a decisão? Recolho-me aos meus pensamentos e percebo que não falei sobre nada o que queria dizer, mas sigo em frente. O fato é que quero dizer que complicamos realmente as coisas, a vida, o trabalho, a poesia. E tudo isso dói, porque não deveria ser assim. Por que então não somos o que deveríamos ser? Que tendência é essa de fugir do que é bom?

A teologia diz que há de fato um porquê, mas distancia ainda mais do meu controle. Não eu quem decide ser assim, e nem o declínio da minha época, mas minha própria natureza. Sou um prisioneiro de mim mesmo e das minhas circunstâncias. Alma infeliz é a minha que não se socorre e renega ajuda. Se viver é tão simples, por que não sou simples? Sigo buscando, e tentando, e tentando...

15/04/2016

A última declaração.

Querida;

Estamos sozinhos à mesa nesta noite infinita em que a chuva cai lá fora com um ruído monótono de choro. Estamos sós nesta noite de saudade e nunca foi maior a nossa companhia, porque cada vez me sinto mais perto dos mortos. A velha mesa da consoada foi-se despovoando com o tempo, nas despedidas de cada filho, mas hoje eu não a sinto vazia, hoje quero recordar-me do princípio de tudo, de mim e de você... Dá-me as tuas mãos, querida, e deixa arder o lampião, enquanto eu falo baixinho, acompanhado pelo ruído de lágrimas que se ouve lá fora.

Um dia destes temos que nos separar, e é natural que seja eu, que sou mais velho, o primeiro a partir. Antes, porém, quero dizer-te que te devo o melhor da vida. Foste tu que me desvendaste o amor que eu desconhecia. A bondade e a ternura, que eu desconhecia. Não exerci talvez nenhuma influência na tua alma, tu ao contrário apaziguaste-me. O amor era em mim um simples impulso: você o cultivou, e pouco a pouco essa força nas tuas mãos se transformou em sentimento religioso.

Olha para os meus cabelos todos brancos. Julgava que o amor ia diminuindo com o tempo — e o meu amor não cessa de aumentar até à morte e para além da morte. Na ocasião em que escrevo estas linhas, na idade em que já desapareceram de todo as ilusões, sinto que a amo cada vez mais, à medida que o tempo destrói o brilho da sua passageira beleza.

É certo: cada ano que passa é um laço que nos prende e quanto melhor conheço a tua alma, mais me purifico ao seu contato. Não só fazes parte do meu ser, mas da minha consciência. Chego às vezes a supor que tu és a minha consciência. Por isso esta separação vai ser dolorosa, ainda que eu creia que nos tornaremos a encontrar noutro mundo melhor. Não decerto para vivermos as horas que passamos juntos à beira do lampião, penetrados um do outro e unidos pelo silêncio, mas numa vida superior que antevejo e numa paz mais profunda. Ainda assim tenho pena. Tenho pena das horas monótonas que correm — do tempo que passa — da brasa que se extingue...

Foste o fio que ligou a minha vida desordenada. Há em mim um ser desconhecido que me leva se não estou de sobreaviso, a ações que detesto. Basta uma palavra tua e me detenho. Quando me conhecestes eu insistia em ser egoísta, e nenhuma pessoa mais me interessava senão a mim mesmo. O que eu costumava amar era sobretudo o diálogo comigo mesmo e com as minhas circunstâncias. Eu era indiferente, e isto é um erro, mas tu me fizeste querer mudar. Sem sermões, me mostrastes que a nossa vida é principalmente a vida dos outros, ou melhor, compreendi que a ternura era o melhor da vida. O resto não vale nada. Não é por a esmola da velha do Evangelho ser dada com sacrifício que é mais aceita no céu que o ouro do rico — é por ser dada com ternura. O importante é a comunicação de alma para alma. A mão que aperta a nossa mão, o olhar úmido que procura o nosso olhar, o sorriso que nos acolhe, desvendam-nos o mundo. Às vezes é um nada que nos faz refletir, é um momento, é uma figura que nos entra pela porta dentro e de quem nos sentimos logo irmãos...

A chuva cai fora, com o ruído manso de quem se resigna e aceita a dor... Cheguemo-nos mais para perto um do outro, meu amor, que eu faço arder uma fogueira que nos aqueça neste último trecho do incrível trajeto que me convidastes a caminhar contigo. A vida vista do fim para o começo é um só momento. Nosso amor foi um só momento que se iniciou naquele primeiro olhar e de repente já cá estamos sentindo as noites serem mais frias. Devo-te minha vida que já te dediquei, e ainda em débito te abraço. Fique cá comigo querida, aproveitemos o nosso momento.

Raul Brandão, adaptado.

05/04/2016

Cotidiano

- Olá, como está?
Começo a pensar nas preocupações que carregava na mente até te encontrar. Penso também naquela ansiedade que me encontro para trocar de carro. Lembro do final de semana e das coisas boas que fiz. Lembro do resultado do exame exposto na última consulta. Sinto uma fisgada no joelho. Penso no meu time, nos meus pais, na crise política, no trabalho, nos que me amam e nos que me odeiam. Uma fração de segundos passa e concluo minha simples, sutil, social e mentirosa resposta:
- Estou bem, e você?

12/03/2016

Rascunho sobre a morte

Li certa vez um provérbio chinês que dizia: "quando um homem morre é como se uma biblioteca inteira se incendiasse". É? Não tenho tanta certeza. Longe de querer questionar a sabedoria oriental, mas sendo eu um amante dos livros e das bibliotecas, sentiria com muito pesar a destruição de uma delas, mas não sei se conseguiria igualar à morte de alguém. Dentre as informações guardadas em uma biblioteca as mais penosas a serem perdidas talvez seriam as memórias (diários, exemplares únicos, manuscritos, catálogo de fotos e coisas assim), mas as bibliotecas (ricas que são) não armazenam sonhos, não armazenam surpresas, pois afinal elas são o que possuem. O ser humano não.


Sempre tive o costume de criar personagens imaginários e ficar analisando-os, explorando suas experiências, sentimentos e consequências. Tenho me atentado ultimamente a um rapazinho que vive em um mundo onde não existe a morte. As pessoas que lá vivem sempre viveram e seguem vivendo, em estágios de vida infinitos (depois de velhos ficam ainda mais velhos, e depois mais velhos ainda e mais e mais velhos. Enrugam-se tanto que em determinado ponto suas peles ressecadas se soltam e dão espaço a novas peles. Existem doenças, e você pode chegar ao cúmulo de perder alguns órgãos (e os benefícios que esses órgãos trazem), mas nunca morrer. Resumindo: ninguém nunca partiu.

Esse mundo é muito grande, muito maior que o planeta Terra. E quando alguns de seus membros resolvem ou precisam mudar-se para outra parte do mundo, dói neles também a despedida. Existe amor nesse mundo, sentimento, comunicação e tudo o que existe por aqui também. Só a morte não existe.

Ou não existia.

Em resumo, certo dia o avô desse rapazinho resolveu dormir e não mais acordar. As pessoas pensavam tratar-se de um coma ou algum sono maior que o normal (eles costumavam dormir o mesmo tanto que nós). Os médicos não encontravam os sinais vitais (todos os órgãos parados) e o corpo se enrijecendo e ficando frio. Era a morte que por algum motivo qualquer (e eu pensei vários) resolveu aparecer naquele planeta. Eles que sabiam lidar com a saudade da partida, com a separação das famílias, brigas, desentendimentos, injustiças e outras tantas dores, se surpreenderam com algo muito pior do que imaginavam: com a tal da morte.

O susto foi grande pois a morte não tinha o contexto de inevitável e eles não se encontravam com ela constantemente como vivemos por aqui. A morte em si é dura, cruel, mais cruel do que qualquer partida. 

Penso que não sofremos o luto suficiente que uma morte significa. Existe a vida e de repente não existe mais. Existe uma pessoa ali, e de uma hora para a outra não mais, e acabaram-se as conversas, as mensagens, o olhar, as ideias, as opiniões. Acaba-se tudo. Consigo imaginar um mundo onde eu nunca mais converse com alguém que amo, desde que eu saiba que ela existe e está bem. Mas depois que se vai, o que existe para quem ficou?

Creio na vida eterna, e para mim além da questão da fé, é a resposta mais plausível, mas não entro nos méritos filosóficos para apenas pesar sobre este ponto: a morte deveria ser tratada como algo natural, mas jamais normal. Encara-se o luto, lamenta-se a perda, sofre-se. Sofre-se pela falta, pela saudade e também pelos que não sentiremos falta. Quão grande é uma simples vida humana. Quão grande é a vida daquele que já perdeu a lucidez, a vida daquele que nunca emite uma opinião, daquele que promove tantos discursos e daquele que ninguém enxerga na rua.

Quando os olhos de alguém se fecham para nunca mais abrirem de novo, não é como se uma biblioteca se incendiasse. Ali não se minam apenas suas informações, seu histórico, sua memória. Ali encerra-se toda uma possibilidade ao mundo. Não é normal... para mim nunca será.

24/02/2016

Mistifório da decepção

Fostes tu minha decepção. Ou fui eu próprio o motivo do meu pesar? Se me desencantas és desencantada ou desencantas só meu pensamento? Por certo nada é certo, e se o assunto não é exato, de que vale se decepcionar?

Decepciono-me contigo porque também me decepciono comigo. Não fostes aquilo que eu buscava e que eu também não sou.

E agora choro ou me conformo? Afinal no que a decepção consciente resulta? A resposta talvez esteja no conhaque. No suco de frutas já vi e não está...

 
Copyright 2014 Cristiano Borges