Páginas

26/04/2018

Uma história...

Mais uma tarde sozinho. O quarto que estou não é mais preenchido que os demais cômodos dessa rua tão habitada outrora. Muitos vagam pelas calçadas ou passam desesperados em seus carros. Estão de passagem, de lá para ali, de ali para não sei onde. Não param, nunca, e nem sequer olham. Passam por um corredor escuro e infinito como se as fachadas das casas não protegessem imóveis, mas fossem meras paredes, mero cenário. Não posso culpá-los, de fato o é.

Nos meados da minha vida adulta, era tão diferente. Lembro-me quando a conheci e quando aqui chegamos com nossas malas e nossos sonhos. Fugidos de uma realidade que não nos cabia, esta casa foi desde o primeiro dia nosso mundo, nossa guarida. Os vizinhos todos novos também. As janelas abertas com varais e roupas. Nossa rua era nosso mundo particular. As pessoas, os vizinhos, o verdureiro, o jornaleiro. Cada personagem compunha um universo à parte neste bairro que já foi distante do centro e hoje, dado o progresso, é perto.

E mais, muito mais do que a rua, essa rua hoje tão cinza e gasta, havia o nosso apartamento. Nosso tão doce espaço, quase um esconderijo, onde éramos só nós.

(Preciso sair. A escrita continuará. A história, não.)

0 comments:

Postar um comentário

 
Copyright 2014 Cristiano Borges