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01/02/2016

Eu não sei escrever...

Chega! Cansei de tentar. Já procurei os mais diversos meios para manter a minha escrita ativa e dessa forma canalizar ao menos um pouco esse poço de sensações que carrego todos os dias. A disciplina metódica dos grande escritores nunca por mim foi desenvolvida. A paixão e a inspiração ardente que releva tantos outros escritores para mim são tão efêmeras que se dissolvem antes de chegarem ao papel. Eu sinto sim, e observo também. Tenho tanto a dizer: observações sociais, palpites políticos e sugestões para a escalação do time. Acho muito fácil ter opiniões. Mas a escrita, logo essa que eu gostaria tanto de me aproximar deixa-me a ver navios.
Se antes era tão fácil, o que me falta agora?

Levei algum bom tempo pensando sobre isso nos meus mais entediantes momentos: lendo um livro escatológico, parado no trânsito enquanto vejo o vazio do transitar das pessoas, dentro do banco enquanto espero minha senha ser chamada. Mas hoje, por um insight, enfim me chegou a resposta: faltam-me, é claro, as pessoas!

Sempre escrevi sobre elas. Escrevo sobre o que sinto, e não sinto só o que vivo, mas também o que vejo que vive. Sofro as dores das más experiências alheias, dói-me deduzir o passado de alguém que vejo logo ali. É chato, eu sei, mas sou esse tipo de pessoa permeável, que cede. A escrita para mim sem as pessoas não existe. Não sou e provavelmente jamais serei um escritor. Sou um amigo, um ouvinte, talvez um tradutor, não um homem das letras, mas das paixões. Não sou cardiologista, sou só um coração, e não tenho paciência para entender como funcionam as engrenagens editoriais. Eu quero sim as pessoas, e ter comigo delas as histórias e as sensações. Sinto falta de entender e desvendar as pessoas. De escrever só sei que não sei, mas quero continuar mesmo que ninguém leia. O importante aqui não é tanto para quem chega, mas de quem sai.

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