Afinal de quem é a culpa quando um jovem comete suicídio? De quem é a mão que puxa o gatilho? Quem foi de fato que lhe transpassou a faca?
Vivemos tempos de denúncias, de ódio escancarado. Quando tentamos encontrar a solução apontando os dedos uns aos outros com discursos raivosos e em altos decibéis. Mas e quando um jovem tira sua própria vida, ele é a vítima ou o homicida? A quem devemos denunciar e condenar?
A nós mesmos. A todos nós que permanecemos vivos e com sentido de vida. A todos nós que mantemos acesa alguma chama de esperança e esquecemos de partilha-la com quem se foi.
Perdemos tempo demais encontrando defeitos nos outros enquanto somos nós os omissos que matam com tal omissão. Quantas vidas poderiam ser preservadas apenas se partilhássemos aquilo que enche nossos corações.
Passamos muito tempo olhando para os culpados e muito pouco tempo para quem precisa ser cuidado. Ninguém se suicida de uma hora para outra. Antes, certamente, houve o anúncio da tragédia através de um olhar suplicante, sedento por respostas, ansioso por sentido.
Negamos-lhes o sentido. Ocultamos a reflexão. Oferecemos respostas mundanas quando a necessidade lhe era o eterno. Oferecemos a solidão e a ilusão de se lutar por um novo Éden. Destruímos as almas e elas estão indo embora com o nosso consentimento.
Que Deus tenha piedade das almas que se suicidaram. Que Deus tenha piedade também de nós.
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