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22/09/2014

O outro lado da decepção...

- Estou decepcionada com você.
Com estas palavras saiu, deixando com ele o silêncio insano que tudo acusa e a solidão sufocante de se estar com as próprias culpas. Não conseguira entender em qual curva de um caminho em que só amou conseguira decepcioná-la.
Decepção.
Antes estivesse brava. Antes o odiasse. A raiva e o ódio contém lá, ainda que paradoxalmente, suas doses de paixão. A decepção não. Para ela haverá o retorno, os dias terão passado quando ela perceber que já não sofre mais por ter sido decepcionada.
Ele, no entanto, carregará para sempre o pesado fardo de ter decepcionado quem amou. A decepção não mata o amor, talvez até o floresça. Mas mata quem o sente. Pelo amor, decepcionar alguém é insuportável. Como poderá superar as possibilidades que ele mesmo minou? Como superar a imagem de alguém que partiu. Como superar a culpa provocada por si mesmo, em plena razão?
Sofrer acontece, não depende de nós. Mas quando depende, quando se é a causa, como dói sofrer.

15/09/2014

Escuta amor...

Escuta amor. Desde que você chegou a solidão já não me assusta. Ficar sozinho não dá mais pavor e traz consigo apenas uma sensação de saudade. Do mundo também não tenho mais medo. Já não sou mais o menino que era antes, pois com você confirmei que nasci para ter a honrosa responsabilidade de ser marido e pai. Se já conheci você que é a pessoa mais importante da minha vida, não me espanta conhecer mais ninguém, independente de seu cargo, posição ou título.
A sombra já não cria mais os fantasmas que costumava criar. O frio já não é tão cortante desde que tenho você comigo. Sou homem feito, de fato. Feito e completo, pois habita em mim o amor. Há homem sem amor? Não. Há monstros, há o vazio. Vazio que desconheço desde que você chegou.
Mas sabe amor, ainda resta um medo. Um medo que não aprendi a lidar. Um medo sem solução que me faz apenas penar. Desde que te conheci, de todos os medos que perdi ganhei logo um que não tinha: tenho medo de morrer. Que pena amor, que pena é morrer. Não pelo que vem depois da morte, a esperada vida eterna, mas pelos dias que não mais passarei contigo, pela tua voz - tão doce - que não mais ouvirei, pelas infinitas horas que poderíamos passar em nosso pequeno universo particular e não passarei.
Morrer acontece, mas por que é tão breve? Escuta amor, a vida é curta, e sempre é curta quando se ama, não importa o quanto dure. Mas por que dura tão pouco? Tenho medo de morrer, amor. E medo de viver, viver sem você.

03/09/2014

E Sara 'a Settembre

Sabe que eu gosto desse tal de setembro. Nada de fabuloso me aconteceu nesse mês. Não tem dias santos e a família não costuma se reunir. 

Poderia dizer que é devido ao fim do inverno que ele anuncia, mas em um país tropical isso soaria de forma mais poética do que prática. O que é então que setembro tem de especial? Não sei.

Setembro é doce nas palavras, eufônico. Anuncia a primavera e as flores que quem não regar continuará sem ter à vista. Mas por setembro ser setembro, não carrega em si nenhuma homenagem a um passado glorioso ou mitológico. É o sétimo mês de um calendário antigo e só. 

Ele chega para nos anunciar que o ano pegou a reta final. Vem por aí uns frutos a colher, algumas festas a festejar, algumas pessoas para rever. Setembro nos lembra que daqui a pouquinho comeremos chocotone. Setembro nos mostra que a vida está passando, mas ao contrário de dezembro, ainda dá tempo, levemente, de se cumprir todas as metas.

Setembro, doce setembro, seja bem-vindo entre nós. 
 
Copyright 2014 Cristiano Borges