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27/06/2014


"Há muito tempo, sim, não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias."

Assim Drummond começa um poema, assim começo esse texto. Ao contrário dele, permaneço sem saber o que dizer. Há tanto o que se dizer! Mas quando? E por que?

Das escritas que faço, dos sentidos que busco, falta-me ainda descobrir o prazer de partilhar ao outro. Não cabe em mim, mas é meu. Sentimento egoísta de reter tudo em mim. Afinal quem poderia querer me conhecer? Quem conseguiria, de fato, me entender?

Gosto de quem sou. Cometo erros imperdoáveis, mas no geral, gosto de ser quem sou. Gosto de lidar comigo mesmo e a convivência interior, acredite, está impecável. Eu me conheço. Eu me entendo. E não preciso de grandes e chatas explicações para dizer o que quer que eu diga, para explicar o que quer que eu veja, para traduzir o que quer que eu sinta.

Sou um homem comum que às vezes se aflige por perceber que não há nada extraordinário ao seu redor. A vida segue imitando o vídeo, o mundo segue dando voltas (atmosféricas ou históricas). A imbecilidade que enxergo em tudo não me assusta: já ocorreu, está ocorrendo, infelizmente ainda mais ocorrerá. Os textos anteriores nesse blog, tão racionais e analíticos, foram escritos por alguém que se esforçou muito para tentar dar o menor grito de alerta. Tentar fazer o meu papel, ser sociedade, se importar com a sociedade. Bobagem. Todo mundo faz o que quer e o humano sempre gostará de trilhar os mesmos caminhos. Vejamos qualé que é. Amemos quando essa for nossa última riqueza, morramos honrando aquilo que realmente importa a um homem: a fidelidade à às coisas que teve fé.

É o que chamamos de princípios. É o que nos faz sermos nós mesmos. Sou feliz sendo eu mesmo. Sigo com os erros imperdoáveis, mas no geral, gosto de ser quem sou. Não me falta os outros e, quem me falta, já está aqui. 

Ciclos. No fundo tudo são ciclos. E quem pode parar essas engrenagens? Ao menos o humano, este, já provou que ele não é.


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