Tenho em minha mesa um porta-retratos exibindo nossa primeira foto. Não é por acaso. Ainda que estejamos no início da vida, caminhar junto à outra pessoa é ir desvendando aos poucos todas as
qualidades e defeitos que ali estão. É encantar-se com as novidades, sorrir a
cada bobeirazinha e até se assustar com alguma mania. Estar com alguém é
desvendar um mundo. Uma viagem que não se volta, nunca. Pode-se parar no meio, querer
pular, mas nunca voltar.
Neste caminho, corre-se o risco de não mais
enxergar a largada, não mais entender o porquê. Por isso a foto sempre está ali,
mostrando aquela por quem me apaixonei no dia em que me apaixonei. Por isso me lembro
de que se hoje a amo tão incondicionalmente, é porque um dia eu desejei amar,
eu escolhi amar. E amar apenas ela. Não é que eu tenha medo de deixar de amá-la, mas apenas uma precaução para que eu nunca deixe, nem por uma ocasião, de tratá-la bem. E para isso às vezes é preciso enxergar com o primeiro
olhar, para que se possa reviver o doce caminho que aqui nos trouxe,
para que eu nunca me esqueça de que um dia eu não a tive e que hoje, por tê-la, sou mais feliz.